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terça-feira, 6 de novembro de 2007

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Terça-feira, 6 de Novembro de 2007
O Dossier Santana .


Passa uma pessoa discretamente, por estilo e dever, uma vida a servir o Estado. Não este governante, nem aquele: o Estado. Fazendo o que tem de ser feito, apesar de, e para além..., das normas aparentes - uma obrigação profissional. Espera em troca nada mais do que a protecção da sombra. E todavia, um espião não pode esquecer duas regras seculares: não deve confiar em ninguém; e o poder sacrifica, mais tarde ou mais cedo, quem o serve. Quando precisa e crê o indivíduo dispensável. Sucumbindo à táctica, à necessidade urgente de inventar uma solução para cada problema que surge, prejudicando, sem se importar muito, a estratégia geral. Porque no dia seguinte, outro problema surgirá, com solução também urgente. O que é importante fica, então, submerso pela ditadura da táctica. Coisa de político sobrevivente.

Desta vez, calhou o sacrifício ao Prof. Manuel (e não José) Almeida Ribeiro. Aflito por causa do debate mensal na Assembleia da República, hoje, 6-11-2007, pelas 15 horas, no Parlamento, no qual vai enfrentar o líder parlamentar do PSD, Santana Lopes, Sócrates mandou um assessor sacrificar o Prof. Manuel Almeida Ribeiro, seu assessor.

"Colaboradores seus andam há semanas a recolher material sobre Pedro Santana Lopes. O staff de Sócrates inclui especialistas em pesquisa de informação, como José Almeida Ribeiro, seu adjunto, quadro do SIS. O material recolhido vai mesmo, segundo o DN soube, ao mandato de Santana na Câmara Municipal da Figueira da Foz (1997-2001). Mandato marcado, aliás, por uma auditoria arrasadora do Tribunal de Contas. Sócrates tem portanto em sua posse um dossier sobre Santana. Com vários separadores."


Calem-se, portanto, por um instante, enquanto não voltam com a demagogia da cartilha, os reclamadores da deontologia sistémica, que afirma não consentir a elaboração de dossiers pessoais sobre adversários: "Der Krieg ist eine bloße Fortsetzung der Politik mit anderen Mitteln" (CLAUSEWITZ, Carl von, Vom Kriege, Dümmlers Verlag, Berlim, 1832, Livro I, Cap. 1, 24) - ou o contrário, como ensinava na mesma escola, o ISCSP, onde fui aluno de ambos, o Prof. Adriano Moreira. Ataques pessoais são intoleráveis! - os dos outros...

De modo, que Sócrates mandou filtrar para os jornalistas que tinha mandado elaborar um "dossier" sobre Santana Lopes.

Foram os jornalistas Eva Cabral e João Pedro Henriques que descobriram?... Os jornalistas descobrem normalmente o que os interessados lhes filtram. Sem desprimor para a sua argúcia, os jornalistas nem devem conhecer o Prof. Manuel Almeida Ribeiro. Quando, eles e outros, o vêem sair pelo lado esquerdo da porta traseira do carro do primeiro-ministro na chegada a aos actos oficiais até crêem que é mais um guarda-costas...

Não posso arriscar dizer quem filtrou a notícia porque pretendo evitar à procuradora-geral adjunta dra. Maria Cândida Almeida a instauração de mais um processo e, creio que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), encarregada da alta corrupção, deve ter mais que fazer do que instruir processos contra blogueiros. O que consigo concluir, no exercício abstracto da relação das premissas, é que a filtragem foi feita com o conhecimento do primeiro-ministro, pois não posso admitir que José Sócrates consinta que o seu gabinete ande por aí a dar aos jornalistas informações da mais elevada sensibilidade, sem o seu consentimento prévio... Sócrates manda: não admite que se mexa uma folha no Estado sem que ele saiba.

Porém, Sócrates está aflito. Há por aí a circulação de informações (e de registos) da mais elevada delicadeza, tanta quanto é possível neste mundo haver, já indicadas publicamente, e que até consta existirem no círculo interior de Menezes, que o assustaram. Daí, pensa: e se?... E se Santana puxa disso no debate? Santana é homem para o fazer. Então, num ataque preventivo, avisa-se que também se preparou um "'dossier' anti-Santana"... A filtragem é mais venenosa: fala no SIS e explica que o dossier tem "separadores"...

Lá se vai a ética, como se tivesse alguma vez existido... Mas ainda que se prescinda da casquinha dourada da ética, e se remeta para a paródia o episódio choro encenado, ficam os dedos, mesmo quando esmagados pelo feedback da cólera uterina.

Por causa das necessidades do poder pessoal, muito mais do que pelos ciúmes mesquinhos de assessores antigos entretidos com os negócios, chegou a hora do discretíssimo Prof. Manuel Almeida Ribeiro - os olhos e ouvidos e o cérebro na administração do poder, provavelmente o homem a quem o primeiro-ministro mais deve desde que tomou o poder, pela qualidade de análise e conselho inteligente, a pessoa mais influente junto do líder do governo, ao ponto de o acompanhar "em permanência" -, ser usado publicamente por José Sócrates como arma de arremesso.

Para o Prof. Manuel Jorge Mayer de Almeida Ribeiro uma palavra de estima nesta hora de facas longas e, se posso, um conselho franco do antigo aluno das tardes antigas na sala magna e nos claustros modernos do ISCSP da Junqueira: a hora em que o poder sacrifica é o momento de procurar outro caminho.

2 comentários:

Goncalo disse...

Daqui o filho de Manuel Almeida Ribeiro.

Voce esta ai a fazer uma grande confusao. O meu pai nao e, nem nunca foi, acessor do Socrates. Nem sequer e da area politica do actual primeiro-ministro. Foi, isso sim, acessor de Cavaco Silva no inicio dos anos 90.

O Almeida Ribeiro -- se houver um -- a que se quer referir nao pode ser o meu pai.

Cmps,
Goncalo Almeida Ribeiro

Goncalo disse...

A pessoa a que se refere chama-se "Jose Manuel Almeida Ribeiro" e nada tem que ver como "Manuel Almeida Ribeiro", meu pai. Cmpts.

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