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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

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Liberdade de Imprensa ou Liberdade de Insulto?


O caso Maddie causou ondas de choque enormes a todos os níveis. Sinceramente, acho que ainda irá causar muitas mais. É um assunto que me irrita, pela quantidade de coisas que se escrevem e se falam, que se contradizem umas às outras sem qualquer base informativa oficial ou verificável.

A mais recente onda de choque deixa-me atónito. Trata-se da crónica do jornalista Tony Parsons no Daily Mirror publicada no dia 29/10/2007, ou seja, há quase uma semana e que aparentemente passou despercebida à maioria dos portugueses. Essa crónica, extremamente concisa e objectiva no seu conteúdo, tem o título “Oh, up yours, Senor”, (a tradução livre poderia ser “Vá levar na bilha, senhor”, para ser simpático) e é dirigida ao Embaixador de Portugal em Inglaterra, António Santana Carlos. Sim, o cronista manda o Embaixador de uma nação soberana levar na bilha, num jornal de enorme tiragem em Inglaterra.

Na crónica em questão ele não manda simplesmente o Embaixador levar na bilha. Ele refere-se à polícia portuguesa, com palavras extremamente claras, concisas e sem rodeios, como sendo espectacularmente estúpida e cruel. Diz que não tem o hábito de chamar “porcos” ou “imundos” aos polícias (hábito em Inglaterra), mas que no caso da polícia portuguesa ficaria feliz por abrir uma excepção. Diz ainda que a polícia portuguesa cobriu a sua própria humilhação acusando os pais.

Diz que os media portugueses escrevem lixo venenoso cada vez que as “fontes policiais” lhes dão informação, fazendo notícias que são entretenimento ligeiro. Culpa ainda o público português no seu todo porque meia dúzia de populares se exaltaram no seu voyeurismo chamando nomes a Kate McCann quando foi interrogada na PJ. Tony Parsons faz ainda o favor de tratar o Sr. Embaixador (e por inerência, os portugueses em geral) como “mastigador de sardinhas”, provando que afinal o Portugal moderno não é só conhecido no estrangeiro pelo Galo de Barcelos e pelos Ranchos Folclóricos.

Acerca do caso Maddie, nada me apetece dizer. Acerca da crónica, cada um que tire as suas conclusões sobre o seu autor e a sua visão distorcida que só pode ter origem nas notícias que lê em Inglaterra.

Há, no entanto, duas coisas que me deixam completamente atordoado com esta crónica. A primeira é receber lições de moral mal-educadas de um jornalista que escreve para um jornal tablóide no país que inventou a informação tablóide e que se alimenta todos os dias do caso Maddie (durante algum tempo, a par com os media portugueses) fazendo deste caso a verdadeira novela da vida real, com emoção, horror, drama e intriga. Ou seja, entretenimento ligeiro.

A segunda e verdadeiramente enorme preocupação que se me levanta é saber que o Estado Português, soberano, consegue demitir, afastar ou acabar a comissão de serviço (chamem-lhe o que quiserem) a um inspector da PJ por causa um desabafo que este faz numa entrevista, corrigindo assim um eventual incidente diplomático, mas não quer ou não consegue que um estúpido e arrogante jornalista seja, no mínimo, admoestado publicamente (já para não dizer demitido) por mandar um embaixador estrangeiro levar na bilha, humilhar uma nação, insultar os seus órgãos institucionais e enxovalhar os seus habitantes.

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