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sábado, 6 de outubro de 2007

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Tenham cuidado com a Evita de Gaia


As probabilidades de sucesso de Luís Filipe Menezes são reduzidas, não lhe conhecemos grandes méritos, a receita que usou em Gaia levaria o país à falência se aplicada pelo governo, as companhias com que se apresenta são pouco recomendáveis, as motivações dos que nele votaram não são as que levam à escolha dos melhores, enfim, não faltam razões para vaticinar uma desgraça ao PSD nas próximas legislativas.

Só que Menezes poder vir a ser uma surpresa. É um erro confundir Menezes com Santana Lopes e esperar que o novo líder do PSD cometa os mesmos disparates, entre Menezes e Santana há mais diferenças do que semelhanças. Ao contrário de Santana Lopes, Menezes é um cabide político, disponível para vestir o facto que lhe escolherem, o actual líder pensa como lhe disseram para pensar e diz o que lhe mandam dizer. Santana tinha o defeito de pensar e falar por si, o resultado foi uma série de disparates. Quando Santana chegou à liderança do PSD mal conseguiu esperar por dizer que agora era ele o presidente da junta, poucos dias depois dava uma entrevista e logo aí começou com as suas anedotas. Santana sentia que tinha um poder divino que o ajudava a convencer as massas, Menezes tem a humildade de aceitar o apoio de agências de comunicação.

A estratégia política de Menezes é evidente, como disse Pedro Lomba chegou à liderança com o apoio dos descamisados do PSD, o seu discurso político lembra os tempos do peronismo, o seu percurso pode levar a que um dia alguém lhe chame a Evita de Gaia.

Mas a verdade é que a maioria dos portugueses são ou tendem a ser descamisados, gente que não tem a protecção da Maçonaria ou da Opus Dei, que não são accionistas de bancos, que não contam para os assessores de Sócrates pois nada representam no PIB que costuma viajar com o primeiro-ministro nas visitas ao estrangeiro.

Podemos considerar que Menezes não oferece garantia de competência, mas que garantias oferecia José Sócrates? Não é assim tão difícil encontrar gente com mais competências do que ministros que roçam o idiota, qualquer candidato a primeiro-ministro arranja melhor do o ministro dos Negócios Estrangeiros ou da Economia. Convenhamos que um bom contabilista faria o lugar do ministro das Finanças e que para fazer uma reforma da Administração Pública como a que está a ser feita bastaria contratar um sargento-ajudante.

Não vai ser fácil destronar um Sócrates que conta com o apoio quase unânime dos grupos de interesses que ele próprio prometeu afastar da decisão política, em seu apoio tem a artilharia formada por jornalistas e opinion makers ávidos de servir a banca. Mas num país onde se é cada vez mais pobre e uma boa parte dos eleitores pouco pensam em termos de interesse nacional Luís Filipe Menezes pode causar uma surpresa.

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