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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

marsalgado.blogspot.com

FUTEBOL: Sei pouco mais sobre o assunto do que a velha regra segundo a qual só o guarda-redes pode fazer roleta e bola dentro da baliza é golo, mas o mundo do futebol fascina-me imenso e aproveito todas as ocasiões para aprender algo mais. Hoje foi um fartote de sapiência. O treinador do Benfica fez-me ver a Luz e perceber a dinâmica do golo (afinal tão simples!...): "a bola quer entrar, entra; não quer entrar não entra!" Tudo depende, então, da vontade do esférico, que certamente por isso é redondo como oiço a tantos comentadores. Deve também ser por isso que o jogador Rui Costa dizia à RTP-N que agora havia que correr atrás do prejuízo em todas as competições (já que atrás da bola não deve servir de nada se ela não quiser entrar). Já tinha reparado nesta opção do jogador embora não consiga identificar o "prejuízo" no meio do campo - é aquele da bandeirinha que disse "mão!" na última jornada? Compreendo agora que no Benfica nunca se dependa da qualidade e esforço dos jogadores e ficam esclarecidos para mim todos e cada um dos golos de Nuno Gomes, bem como os permanentes queixumes dos seus dirigentes. Ao fim e ao cabo é uma questão de bolas e provavelmente por isso certos dirigentes se preocupam tanto com a vida privada dos adversários.

Percebendo isto e simpatizando com o Futebol Clube do Porto, tremo só de pensar nas sanções que aí virão pois foi hoje manifesto que o seu guarda-redes impediu a vontade férrea da bola de entrar na baliza onde queria e que Quaresma deve ter feito falta punível com vermelho ao cacetar a bola para uma baliza onde ela, manifestamente, se recusava a entrar. Imagino já uma Senhora Procuradora a abrir o caso "bola dourada", detendo a dita para interrogatórios por se ter deixado chutar para a baliza do adversário contra sua vontade. Foi "fruta ó chicolate", sem sombra de dúvidas: aquela bola não é de Berlim.
Julgo que como atenuante nos poderá servir o comentário de Rui Santos, na SIC-Notícias, pois ele considerou o golo "um golpe de sorte", o que nos permitirá alegar que não terá sido intencional nem fruto do esforço e dedicação dos jogadores: bem vistas as coisas terá sido "um golpe de azar", o que nos permitirá escapar a qualquer sanção. É certo que teremos de antecipar a possibilidade de alguém vir dizer que Rui Santos não falava do jogo a que tinha sido chamado a comentar pois ele começou o comentário referindo-se ao empate do FCP com o Liverpool, que generosamente considerou "aceitável", e prosseguiu referindo-se por duas vezes à derrota com o Fátima (a quem daqui endereço os mais sinceros parabéns pois não sabia que estava na Liga dos Campeões).

Imagino que a coisa esteja muito má para o FCP pois a jornalista perguntou a Rui Santos se este clube ainda teria hipóteses de passar à fase seguinte, questão que não lhe ocorreu relativamente às restantes equipas portuguesas em competição.
Mudando outra vez de canal percebi tudo. O jornalista da RTP-N perguntava muito simpaticamente qualquer coisa a um jogador do Benfica, adiantando que "o jogo não tinha corrido nada bem" e que "o Benfica não ganhava na Liga dos Campeões há dois jogos" (na SIC esclareceu-se que foi a primeira derrota do clube na Luz desde há um ano). Fez-se-me novamente Luz: imagine-se que este jogo tinha corrido mal e que o Benfica tinha perdido os dois últimos jogos - era seguramente muito pior!

Munido de mais estes conhecimentos, regressei à SIC-Notícias, porque me diverte também ver o Jorge Coelho a defender este Governo e podia já ter começado o programa, mas ainda lá estava o Rui Santos a elogiar o Benfica por ter rematado vinte e quatro vezes à baliza embora, como sublinhou, na maior parte das vezes, a bola não tivesse chegado à baliza (começam a tornar-se simples para mim as regras do críquete). Segundo as teorias de Camacho, da Senhora Procuradora, do Sr. Vieira e daquela Jornalista que reescreve livros, a bola estava carregadinha de café com leite.

Preocupa-me o Sporting Clube de Portugal, com quem não deixo de simpatizar (eu, afinal, gosto de todos menos de um). Pois um clube que na Liga dos Campeões nunca tinha ganho nada fora de casa deve estar, naturalmente, neste momento, sob suspeita da Senhora Procuradora por ter comprado as duas bolas que lhe deram, por uma vez, a vitória. A coisa é suspeita. Mas eu aqui, como o Rui Santos, ponho as mãos no fogo que foi "um golpe de sorte". Só pode.

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